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  Frenesi dos Paqueras
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Aproveito que estão todos dormindo e vou para o porão, onde está a minha máquina do tempo, e pra variar aciono os controles outra vez para os anos 60. Sei que não vou me tornar maçante ao repetir sempre esta época, isto porque as transformações foram tantas que haja caneta e papel para descrevê-las. Até mesmo no sexo, houve uma revolução que defino como a oitava maravilha do mundo.
Nos homens a Glostora substituiu o chapéu e nas mulheres os decotes se tornaram mais ousados.

 

Peço, apenas, para que não levem para o lado pejorativo. E é exatamente sobre este tema que vou contar o que seria o “Frenesi dos Paqueras”, ou melhor, dos afamados “fanchonas.

Primeiramente, vamos definir o sentido desta palavra. E foi com a ajuda de um amigo brilhante, causídico, catedrático e decano da faculdade de Direito de Santos, Dr. Nildo Serpa Cruz, que através de sua pesquisa chegou-se à seguinte conclusão: na verdade ela tem por conceito de alguns dicionaristas o sentido da prática do sexo entre mulheres, onde se caracteriza a figura da “mulher macho”, hoje “sapatona”, e conseqüentemente entre homens, caracterizando-se mais como o pedófilo, ou pederasta. Com o decorrer do tempo, por toda essa miscelânea afrodisíaca, acabou-se por entender pelo lado masculino como o “mulherengo”, o “paquerador”, e ainda um personagem que na gíria mais esdrúxula dos machões era conhecido como o “já comi”.

É sobre esses galantes conquistadores, autênticos Dom Juans, que vou me reportar. Antes, porém, quero deixar claro que o pesquisador nada tem a ver ou sequer está inserido no contexto desta matéria, haja vista, ter o mesmo, o privilégio de ter vivido na década de 30, outra época de transformações bem sentidas.

  Foi exatamente no tempo em que fervia o romantismo, que surgiram as passarelas da paquera. Nas cidades pequenas, existiam os famosos footing em volta da praça do coreto. Já na minha cidade, em Santos, um dos pontos mais conhecidos foi o Gonzaga, onde existiam duas passarelas distintas: a calçada do Hotel e Restaurante Atlântico, que se estendia até o canal 2, e a calçada do Parque Balneário até o canal 3. Portanto, foi no footing destas duas calçadas que se encontraram grandes paixões. Seus protagonistas eram paqueras de todo tipo. Qual a garota que não ouviu um “fiu-fiu” mais afinado, ou até mesmo a frase mais cafona como: “você é o meu número”, ou ainda, a mais cafajeste: “gostosa”, e assim por diante. Clique aqui
 

Mas, vamos ao ponto mais culminante desta narrativa. Em decorrência deste frenesi é que se formaram vários grupos de amigos que disputavam acirradamente a conquista de suas amadas, como se fosse um autêntico campeonato.Vou destacar apenas dois deles: o grupo da “Escuderia Mordedor” e o da “Turma do Atlântico”.

O nome do primeiro surgiu de uma forma sui-generis e irreverente. Como o grupo estacionava seus carangos, de maneira irregular, na Praça Independência e estavam sempre sendo acuados pela polícia e, devido ao mau comportamento de alguns policiais que cobravam uma caixinha para fazerem vistas grossas, é que se batizou como “Escuderia Mordedor”. Não poderia deixar de citar alguns que faziam parte dessa turma como: Paulinho Thaumaturgo, os irmãos Manecão e Zelo, Gordo Sujeira, Carlão, Adilson Pirulito, Abade, Burú, Velha, Tatau, Pedro Louzada, Ademar Barbi, e até mesmo alguns jogadores profissionais do Santos Futebol Clube.

O mais interessante aconteceu com a turma do Atlântico que, absurdamente, tiveram a audácia de instituir um troféu anual, de posse transitória, denominado o “Bigulim de Ouro” - galardão este que muitos carregavam com todo orgulho. Um dos seus autores, um amigo dos mais espirituosos e irreverentes, foi o João Ozório da Fonseca Neto que com sua planilha registrava todas as conquistas dos participantes. Como eram muitos,  decidiu-se instituir duas categorias, ou seja, categoria "A" que agrupava os mais jovens e categoria "B", os mais velhos, conhecida também por "Dente Postiço". A sua criação, advinda de uma brincadeira, acabou por ter um sentido ambíguo, fato este que mereceu até uma reportagem do jornal "A Tribuna", pelo inusitado.

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  Quero acreditar não criar nenhum constrangimento na citação de alguns concorrentes ao magnífico prêmio. Entre eles, com certeza uma dupla de sucesso, Giorgio e Silvinho tiveram campanhas honrosas.

Outro duo famoso foi Adib, mais conhecido como “Ivo o Terrível”, e o Abud, que esnobavam seus físicos portentosos. Piu Piu, Hélio Nascimento, Pedro Burjaili Buzanca, Maneco do BB, Maurício Abud, Antonio Júlio, Cláudio Costal Alicate, Botoca, Danilo Promessinha, Carlos Pierin  Lalá, sempre atropelavam por fora. Não posso me esquecer do Alberto Zogaib Queixada e do Imperador Miro Sobral que levavam grande vantagem perante os outros concorrentes, em virtude de uma posição financeira mais privilegiada, desfilando com os seus carrões último tipo.

Os xodós e suspiros das meninas: Coi Vergara, Feijão Netuzzi, Zé Aurélio Caramelo e Aluízio. Outra peculiaridade do João Ozório era dar apelidos, portanto foram de sua autoria três dos mais extravagantes como: “fanchona vinagrete”, “fanchona ponte-aérea”, “fanchona fantasmaque deixarei para vocês a curiosidade do significado, como fazia Pagano Sobrinho, lembram-se?
 

Pobre dos ouvidos dos irmãos Waldemar, Walter e Waldir, da Livraria Martins Fontes, com tradição quase secular, que pacientemente aturavam a lengalenga e oba-oba dos bem sucedidos.

Por tradição, este “point” persiste até os dias de hoje, num ponto de encontro dos mais antigos, onde hoje todos ostentam o título de “Don Juan’s Aposentados”, ou, na melhor da irreverência: “Fanchonas em Extinção”.

Dentre os inúmeros “causos ”, cito alguns que mereceram destaque. O primeiro, acontecido com um disputante (Antoine Lascane), que na liderança do ranking, acabou sendo desclassificado por desfilar com suas primas.

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Sendo o mesmo ainda protagonista de outro causointeressante: foi quando desfilava no seu carro com uma loira deslumbrante, no entanto, desapercebido de que havia sido instalado um novo semáforo na Praça Independência e, embebido pela vaidade, descuidou-se da atenção, tendo que frear bruscamente, provocando verdadeiro pânico àqueles que presenciavam, pois sua companheira havia sido arremessada violentamente contra o pára-brisa. Todos saímos correndo para socorrer a musa encantada, quando para surpresa geral, pasmem, descobriu-se de que não se tratava de uma pessoa, mas sim de um boneco manequim, fato este que levou o conselho dos fanchonas a expulsá-lo do sindicato.

Outro acontecido, com o Belo Antonio , que remunerava suas desfilantes oriundas da nossa querida Boca e também, na sua ânsia de angariar mais pontos, encomendava beijinhos furtivos da bondosa Ruth. Este outro “causo” eu considero o melhor acontecido entre todos. Como a premiação para entrega do troféu acontecia em cima do Café Atlântico, do saudoso Waldemar, foi quando Pedro Alegretti, o orador oficial, anunciou Nicola Maxta como vencedor. Até o próprio se assustou e disse.....”Mas, eu?” Em seguida, veio a justificativa do orador: “Desfilar com mulher bonita, tudo bem! Mas com o tribufu que você foi flagrado..., é de fato merecedor”. Outro fato interessante aconteceu com um abnegado do sexo, o Fuzarquinha, que se sentiu tão orgulhoso que, na noite da premiação, assim que eleito vencedor, foi correndo para casa mostrar para sua mãe o dignificante troféu.

 
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Como vocês podem perceber é quase que impossível denominar todos os paqueras, tendo em vista ser de ordem natural a “dança do acasalamento”. Mas não posso me furtar de citar alguns grupos que conheci. Existiam turmas de clubes sociais, como a do Clube XV, com Norberto Pereira, Ney Pustiglione, Peirão de Castro, Florival Barletta, Bite Simon e Cia; o IT Clube, com Peru, Aluísio Graça, Zé Vitor, Paulinho Brió, Álvaro Janjão, Stillmann, Ademar, Arlindo (irmão do Almir do SFC), Tanil, Dutra, Dutrinha, Joreca, Malocci, Chico Pona, Álvaro Maguinho. Existia, ainda, um grupo de amigos que fundaram o Wood Face Clube, no muro do Parque Balneário, comandado por Rubens Lara o Pézinho, com os irmãos Eugênio e Geraldo Pierotti, Márcio Fracarolli, Arlindo Paiva, Oswaldo Monforte, Samuel Brambila, Sérgio Araújo, Flávio Ventura, Norberto Chadad, André Perdicaris, João Passos, Nilo Bianchini, Roberto da Silva Gonçalves, José Guimarães, Cláudio Prieto, Nelson Seixas, Jefferson, Luiz Carlos Assef, Henrique Boca, Carlinhos Di Giacomo, Telmo Lara e muitos outros. O pessoal do BEDUINO, com Neneca, Bilo, Edmar Cid Ferreira (Banco Santos), Zé Pedro, Tche que Tche, Kika, Fanzé, Jama, Tanáh, Rivaldo Palha, Wilson Passarinho, Tatau, Laika, Gêsso, Neguinho, Reco, Célio Cafajeste .

  clique aqui Lembro-me do Acaraí Clube, com os irmãos Nelo e Bruno Prandato e também os irmãos, Ricardo, Reynaldo e Roberto Chadad. É claro que existiam os avulsos não menos conhecidos como: José Manoel Coelho, Betinho do Vibrafone, Índio, Ventura, Casinha, Vasquito, Romeu (a Patativa do Líbano), Samir, Ronaldo Dias, Beto Uzzo, Luzo, Formiga, Carlão, Tony Cury, Amauri Pseu, os irmãos Guassaloca e muitos outros. Sendo que, dentre estes quero destacar a atividade de três grandes amigos, os quais poderiam fechar com chave de ouro toda esta história.

Foram eles, Galo Cego, Lilinho e Cabeça, que proporcionaram causos dos mais hilariantes. Era só o relógio da igreja do Rosário soar a badalada das seis horas e pronto... lá estavam eles como os três mosqueteiros, fiéis aos seus propósitos, disputando com afinco cada ponto de parada de ônibus, assim como os mosqueteiros guardavam os interesses da coroa.
 

Confessou-me Galo Cego, que conseguiu em apenas um final de expediente bater o seu próprio recorde, que até então era de 35 "cabeçadas" e, honrando o apelido, certa vez paquerou um travesti que ao adentrar o seu carro deixou-o surpreso..."Mas, você é um traveco!”, No que o mesmo respondeu, "e eu pensei que você fosse viado". Cabeça, mais refinado, dava preferência aos pontos mais nobres e elitizados, como o 42. Já Lilinho, não desprezava um ponto sequer, distribuía "cabeçadas" a granel por todos os cantos da Praça Mauá, sendo, portanto, fiel ao bordão "caiu na rede... é peixe".  Afinal, como se vê, é fanchona que não acaba mais.

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Na verdade, quero com todo carinho prestar homenagens a todos eles, já que souberam apimentar uma época, como privilegiados que foram, e podem encher a boca com toda ênfase para dizer: “Vivi com bastante frenesi, estes maravilhosos ANOS DOURADOS”.

É óbvio que não posso terminar esta matéria sem citar o seu personagem principal, mesmo porque sem ele nada teria acontecido: a mulher. Incauto foi aquele que acreditou estar sendo supremo em seu ato, ignorando por completo a sabedoria feminina. Portanto, que seja feito o devido reconhecimento, pois foram, na verdade, seus divinos símbolos dourados, os que mais brilharam.

Em outra oportunidade, contarei causos jocosos envolvendo personagens que tiveram uma conduta pitoresca no convívio com todos acima, como por exemplo, o caso dos garçons, Vereador, Topete, Germano e de outras tantas figuras que enalteceram a rica estória do Gonzaga. Apenas para aguçar a curiosidade de vocês e, como aperitivo, contarei a do garçom Topete, do Parque Balneário.

Estávamos todos assistindo um filme no Cine Gonzaga, quando ouvimos o som de um tapa advindo do balcão do cinema e, logo em seguida, uma balburdia que mal entendíamos. Terminada a sessão, fomos ao cafezinho do Waldemar, como era tradição, e lá nos deparamos com o Topete, com o rosto vermelho marcado por um tremendo tapa. Todos estavam curiosos para saber o que havia acontecido, quando então alguém falou: “Ah...! Então foi você que levou o tapa, né? No que ele respondeu:” Levei, mas não deixei por menos. Assim que tomei a bordoada, me levantei e gritei: “e em casa vai ter mais... sua safada”.
Bom apetite!

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Gonzaga antigamente (clique nas fotos)
 
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