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  Fernando Antonio Coelho Correa
   
  Fernando Antonio Coelho Correa - antes e depois

Fernando Antonio Coelho Correa, nascido em 17/08/1946, foi um jogador que eu considero como o verdadeiro “coringa” da nossa várzea. Valente, aguerrido e principalmente habilidoso, tanto que quando jogava no ataque se transformava em artilheiro. A única posição que se negava a jogar era a de goleiro, e respondia quando perguntado: “como vou jogar ali, se nem grama nasce”.

 

Como todo bom brasileiro é fanático por futebol. Quando ainda menino saia de fininho pelos fundos da casa para jogar bola na rua. Mesmo assim, não evitava os petelecos do pai que tinha aversão ao futebol. Aliás, prática comum dos pais daquela época sob a alegação de que futebol era coisa prá malandro. Mas, foi com o falecimento de seu genitor, nos idos de 54, que Fernandinho, como era chamado carinhosamente pelos seus amigos, se entregou de corpo e alma à prática do futebol. E para alimentar ainda mais esta vontade, mudou-se para o Canal 6 defronte ao campo da ADPM, tendo como vizinho, na Rua Ricardo Pinto, o campo do América.

Pelada daqui, pelada dali, um grupo de garotos do local resolveu fundar um clube, já que ganharam um uniforme de cor verde. Como os mandatários, Fernandinho e Aurélio - o “Terror da Ilha” - eram corintianos, nem pensar colocar o nome de Palmeiras, portanto, batizaram com o nome de  Alvi-Verde. Foi um time tão disciplinado e acima de tudo competente que dali sairam muitos craques de renome de nossa várzea. Num determinado tempo todos foram jogar pelo Brasil F.C. e de tão bons que eram acabaram sendo campeões do Litoral e do Campeonato Santista. Na disputa pelo título do Litoral jogaram uma partida memorável contra os Motoristas do Itapema, vencendo pelo placar de 2x1.

Mais tarde, como o futebol de praia estava no seu apogeu, foram convidados a jogar pelo time do Caravelas, do Milton Alves, e acabaram sendo vice-campeões brasileiros. Um time que contava em suas fileiras com: Bezerra, Osni, Bié, Índio, Nelsi, Tacum, Jorginho, Antenor, Adilson, Lio, Barga, Mimi, Zequinha, Foguinho e Oréco. Voltando para a várzea acabaram por se dispersar entre vários times como: XI Santista do Macuco, Vila Santista, Canadá, Vasco do Canal  5.
Do infantil do Alvi- Verde, ainda se deram ao luxo de ceder jogadores para o Santos F.C., como o Bié, Ademir, Oréco, Lica, Mimi e Antenor.

Seu maior desejo era fazer um livro sobre a nossa várzea e, como é também a minha vontade, soubemos, no entanto, reconhecer o valor de guardar nossas memórias, ou melhor, de um acervo quase que infindável da história do futebol varzeano.

Como me proponho a criar um museu virtual, acho de extrema importância contar com a colaboração de muitos, assim como está fazendo o meu amigo Fernandinho.

E como estou fazendo um resumo dos seus escritos, me lembra bem Fernandinho de como era extremamente satisfatório participar e mesmo assistir a um clássico da várzea santista em que se aglomeravam, pelas beiras dos campos, milhares de pessoas que de certa forma obedeciam à disciplina traçada pelos mandantes do jogo. Clássicos que tinham a participação do Barreiros, Vasco, Vila Santista, XI Santista do Macuco, Escola de Samba Brasil, Casa Branca, Morávia, Flórida e Santa Cecília. Só para vocês terem uma idéia, num trecho que se estendia da Av. Epitácio Pessoa até a Av. Pedro Lessa existiam nada menos de que nove (9) campos assim esquadrinhados:
  Localizaçăo dos campos de futebol

Depois do canal 5 em direção ao cais, existiam os campos do Martins Fontes, do Juventus, onde jogava o time do Flamengo, de Antenor, Gilberto Magro, Ernesto, Cau, Maurinho, etc.; seguindo pelo cais, próximo ao canal 6, o campo do Vila Santista, um timaço com Macaca, Agamenon, Darci, Lauro, Tim, Ari China, Jair, Catarina, Chiquinho, Pauca, Soares, Lupércio e tantos outros; já em direção à Praça  Rebouças encontravámos os campos do Beira Mar, Tamoyo, Colonial, Conde do Mar e, chegando à Ponta da Praia existiam os campos do Ponta da Praia, Botafogo, Belmar, Estrela de Ouro e o Entreposto, outro baita time com: Gué, Dorinho, Rubens, Carola, Careca, Willian, Baliza, Coquinho, Piteira.
Ainda no final da Pedro Lessa tinha os campos: do Bonsucesso, do grande zagueiro Carriça, o Campos Sales, do ex-vereador Adelino Rodrigues e, por último, o Pioneiros F.C.

 

Continuando pelo Macuco, na Rua Joaquim Távora, próximo de um dos maiores e melhores campos de nossa várzea, o Portuários, palco de grandes jogos do campeonato santista, sendo que não se esquece de um memorável torneio ali realizado: o Torneio Antártica, em que se saiu campeão o Itapema F.C.

Fernandinho lembra com muito carinho do time do Itapema, do rigoroso Daltro, reconhecidamente um dos grandes times da várzea, pelo fato de que certa vez jogando pelo Brasil F.C. conseguiu a proeza de, além de ser o artilheiro do jogo com três (3) gols, quebrar uma série de 40 partidas invictas do Itapema, que jogou com: Maurinho, Mauro, Silva, Pagão, Leco, Zeca Piloto, Gil, Bira, Tonico, Altair, Adelson, Calado e Mingo.  O Brasil F.C. ganhou de 3x1 jogando com: Carbajal, Adilson, Oréco, Bié, Arouca, Ìndio, Durval, Tacum, Antenor, Fernandinho, Nelsinho e Cristiano.

Recorda ainda com alegria da S.E. Itapema, do amigo Luizinho (Sapo) e Mancabira, do Juventude e ainda do Brasil do Itapema.

Chegou a disputar pelo Brasil F.C. diversas partidas nas preliminares dos jogos do Santos F.C. e, muitas vezes contra os recém contratados do próprio Santos. Lembrou que, numa destas partidas, o Santos escalou o ponta Almiro para testes e Lica , seu marcador, não deixou pegar na bola. Mas, mesmo assim, Almiro acabou sendo o ponta direita do Peixe. Na verdade, o Lica é que jogava muito e acabou sendo contratado, também, juntamente com o Mimi do Brasil F.C.

Voltando à descrição dos campos, Fernandinho falou do campo do Guarani, próximo do Portuários e, na Rodrigues Alves, a Portuguesinha e o Paulistano; do XV de Novembro no Canal 3, do Praia F.C., do português Emídio. Já em sentido à Vila Belmiro existia o campo da Americana onde jogavam dois grandes times: o Salamanca e o Áz Negro que tinha em suas linhas um dos melhores jogadores que Fernandinho já viu:  Reginaldo, o Palito ao lado de Didi, Douglas, Feijó, Rivaldo e etc.
Perto da Santa Casa já não existiam todos aqueles campos, lembrando-se apenas do Palmeirinha onde jogava no sábado á tarde o time do Grêmio Brasil. Seguindo para o Saboó, tinha o campo do  Bandeirantes,  do amigo Fifi, e  mais adiante o Barreiros, do amigo Cláudio Socó, do qual teve a honra de jogar ao seu lado em 1973. Caminhando para o Chico de Paula, o campo do Santa Maria, do Vila São Jorge e do Jardim Castelo.

Finalizando, lembra Fernandinho que o que mais marcou nos tempos de várzea, foram os inúmeros “causos” acontecidos. Conta que, segundo Dedé que jogava no Morávia, havia um simpatizante do time de nome Valter que ajudava a levar o saco de roupa e, certa vez, devido ao calor excessivo, o mesmo se prontificou a buscar água para o time, só que o jogo já chegava ao seu final e nada da água aparecer. Terminado o jogo saíram na busca do Valter e o encontraram desfalecido numa vala próxima ao campo. É que o mesmo havia escorregado no local e o pote de água que carregava acabou caindo em sua própria cabeça.

Títulos conquistados:
Campeão Paulista de Futebol de Praia, pelo Caravelas, Vice-Campeão Brasileiro de Futebol de Praia no Rio de Janeiro pelo Caravelas, Campeão Amador Santista pelo Brasil F.C, Campeão Amador do Estado – Zona Litoral – pelo Brasil F.C
Duas vezes convocado  para a Seleção Santista Amadora – Jogos Abertos do Interior
Convocado para a Seleção da Várzea Santista pelo Vasco do Macuco
Convocado para a Seleção de Futebol de Praia, condecorado como o melhor jogador do Campeonato Brasileiro
Revelação do Jabaquara nas peneiras para profissional, inclusive com interesse da S.E. Palmeiras
Participou da campanha de 106 partidas invictas pelo C. R. Saldanha da Gama , na década de 80
Participou da campanha de 80 partidas invictas pelo Veterano do C.R. Saldanha da Gama,  no ano 2000

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