Fico assustado com os comentários da maioria dos brasileiros, sobre a lista de convocados do Técnico Dunga. Não são simples análises das qualidades técnicas dos escolhidos, em comparação aos “esquecidos” – ou desprezados. São “análises” definitivas, que chegam ao ponto de ferir o caráter e a moral do profissional, que, quer queiram ou não, já deu alegrias – e decepções – aos amantes do esporte das multidões e tem mostrado coerência.
O maior tema para sustentar a opinião dos críticos é a “falta de visão de jogo” do treinador, pasmem, pelo fato de não ter “trocado”, alguns dos escolhidos pelo Neymar e pelo “Ganso”, antes mesmo do jogo começar. Comparam a situação com a convocação do Pelé, para a Copa do Mundo de 1958, quando fomos campeões pela primeira vez, como se a idade fosse o tempero maior para o desempenho do futebol.
Não nego apesar de ser “são paulino”, que esses meninos do Santos deixam boquiabertos todos os que gostam do futebol arte, bem jogado e alegre.
Qualquer ponto de análise de comparação com PELÉ deve ser muito bem considerado, pois ele foi o melhor, o extraordinário, ente sem comparação.
Circunstâncias precisam ser levadas em conta. Em 1958, vínhamos de uma derrota na final para o Uruguai, em 1950, e uma eliminação nas quartas de final, para a Hungria, lembram.
Chegamos à Copa de 1958, jogando apenas dois jogos, na classificatória, contra o Peru. Empatamos um (0x0) e ganhamos o outro por 1x0, só. Ninguém sem sombra de dúvida – hoje todos já sabiam – poderia dizer que Brasil seria o Campeão.
Pois bem, fomos os melhores e o Pelé foi a grande, alegre e surpreendente revelação do torneio. E se tivéssemos perdido o título? Quem seria o Pelé?
Na época, não havia patrocínio, não havia suporte financeiro, não havia nada, em relação ao que hoje é colocado à disposição dos atletas. Nem televisão havia. Até a assistência à saúde dos atletas era precária.
Mas, meus amigos, o que havia dava o gostinho especial ao esporte. Havia o respeito à Pátria, o amor à camisa, a vontade de vencer para mostrar a pujança do Povo Brasileiro.
Gilberto Franco Silva Júnior – advogado.
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