Abrindo um parêntese, jocosamente nos referimos àqueles marmanjos que não sabem jogar bola fazendo a clássica pergunta: “afinal o que você fez na tua infância?” E aí, vem a resposta maldosa, sempre do amigo mais próximo: “mamãe colocava nele calça curta (hoje bermuda), meias ¾, dava um puçá e mandava caçar borboletas no quintal”. Brincadeira essa, que me custou muitas caras ranzinzas, inclusive do meu amigo Geraldo Pierotti.
Mas vamos lá falar deste que se destacou jogando nas duas pontas por jogar bem tanto com a esquerda quanto com a direita. Pronto! Já estão me buzinando no ouvido, são seus amigos Zito e Modestinho: “diz aí de brincadeira, que ele lembra o Madson do passado, mas só no tamanho”.
Voltando a seriedade, o Madson, aliás, o Pepito (olha aí eu influenciado pela gozação), na verdade teve no seu âmago a alegria de ter jogado por um bom tempo no seu time de coração, o Santos Futebol Clube. Porém, o seu sonho foi interrrompido pelas mãos, ou melhor, pelos pés do seu carrasco, o jogador Celeste do Juventus da capital que o “arremessou” com bola e tudo contra o alambrado do Pacaembú (imaginem a distância, devido existir uma pista de atletismo entre o gramado e o alambrado), contundindo-se seriamente.
Deste seu acontecimento, fez me lembrar de um fato semelhante acontecido quando da estréia de um lateral que tinha sido recém contratado pelo Santos, vindo lá das cabeceiras, que se chamava Mourão, e que por azar fez a sua estreia logo contra o popular Mané Garrincha. no mesmo Pacaembú. Alertado que foi da magia do Mané, não teve dúvidas e no primeiro lance o “arremessou” também para a pista de atletismo.
Voltemos a ele, o Pepito, que faz questão de advogar o caso do Domingos, hoje muito criticado pela violência. Diz ele: “Violento... Ah! Vocês não viram nada o que é violência no futebol. Pois foi no passado que surgiu o velho chavão de que ” futebol é pra homem”. E eu nanico do jeito que sou, tive que enfrentar verdadeiras feras como: Tino, Irineu e Strufaldo do Portuários; Vitor, Dino e Dino do Jabaquara; Ari Fernandes, Cativeiro e Meira da Portuguesa e ainda, Sordi, Ditão e Celeste do Juventus da capital. Esses sim eram cabras-machos. O Domingos de hoje para eles não passa de um gentleman.
Ainda rememorando os tempos da valentia, lembrou-se de um velho amigo,Laurindo Vaz, recém falecido, que era o seu lateral e como todo jogador de defesa era truculento, Laurindo não se fazia de rogado e quase sempre arremessava os seus oponentes nas valas que demarcavam as laterais dos campos de antigamente. Pepito então, por diversas vezes, implorava a Laurindo que não batesse muito porque acabava sobrando para ele a vingança dos adversários por ser o nanico do time.
Pepito, de fato, era um bom ponta, tanto que Lula o emprestou para o seu amigo Mário Benicassa, da A.A. Americana, com a condição de que ele não poderia jogar contra o Santos. E por azar, acabou ficando de fora da final. Aliás, esta prática era muito comum no passado, quando os clubes emprestavam seus jogadores da base para outros clubes com a finalidade de “dar jogo” ao atleta, mas não “reforçar” o adversário contra si. E foi dentro dessa filosofia que o Santos F.C. emprestou todo o seu plantel juvenil para o Grêmio São Luiz, formando assim um time quase invencível, onde jogavam Gilmar no gol e uma linha invejável com: Pepito, Nando, Pierry, Baia II e Brandãozinho.
Sua maior alegria, confessa ele, foi ter acompanhado e colaborado para este conjunto de títulos que faz inveja a qualquer clube de futebol do mundo. Acredito ser ele o dirigente de um clube de futebol que mais títulos amealhou durante toda a sua vida, pois tendo nascido em 1928 e entrado para o Santos ainda no infantil com dez anos, na verdade presenciou todas as conquistas do clube até os dias de hoje. Portanto, são setenta anos dedicados ao clube e, segundo ele, pretende se igualar à Dercy Gonçalves no show business.
Pepito desde que largou o futebol, se predispôs a colaborar em vários setores administrativos, se entregando de corpo e alma a uma causa na qual ele julgava ser o seu sonho. Formou-se em Direito e se tornou corretor oficial de seguros. Hoje, já com os seus 80 anos, ainda age energicamente no controle de todo material esportivo não só do clube, como também das parcerias (Onésio e Bolacha que o digam...).
Pronto! Lá vêm eles de novo gozar o meu amigo. Fala aí Gigi, diz que ele era o “chaveirinho” de todos os presidentes que assessorou, por causa do tamanho, é claro.
Mas, ele merece todo o nosso carinho por ter agido sempre com muita seriedade em todas as posições que ocupou, tanto que, se tornou o homem de confiança de todos os presidentes que o clube teve. Mesmo com seus afazeres profissionais de gerente de banco, advogado e corretor de seguros jamais deixou de dedicar-se ao Santos F.C.
Até mesmo o Cabeção – Milton Neves teceu grandes elogios a sua pessoa como dirigente, e agora, promete colocar a sua história no seu site, no link “Que fim levou”, como jogador que foi.
Valeu! Pequeno grande Pepito. |