Certa vez, numa partida de futebol de salão entre o Clube Internacional de Regatas, seu clube, e o Vasquinho da Vila Belmiro, o placar era de 1x0 a seu favor, quando o árbitro marcou um penalty inexistente no último minuto, que redundou no gol de empate. Zezé não teve dúvidas e assim que acabou o jogo saiu de fininho para o vestiário, e chegando lá apanhou as roupas do juiz da partida e jogou dentro do vaso sanitário. Um aperitivo para as artimanhas do meu amigo Zezé contra os árbitros em geral.
Impunha tanto respeito, que para nós, seus atacantes, acabávamos jogando com tranqüilidade.
Às vezes eu mesmo brincava com os adversários: “é melhor não me tocar, senão isco o pitbull”. No entanto, fora de campo, como se diz na gíria, “é uma moça”. Boa gente, bom amigo, boa praça.
Na hierarquia da família Krahenbuhl é a terceira geração de relojoeiros, seguindo os passos de seu avô e de seu pai que eram de origem suíça. Tornou-se tão bom relojoeiro que conserta relógios “no escuro e com luvas de boxe”, como se diz no popular.
Seu maior sonho, no entanto, era ser jogador de futebol profissional, mas decepcionou-se quando seu tio Nívio Fuschini, lateral do Libertador que tinha o Lula como “carregador de saco”, prometeu assisti-lo num jogo entre o Bolívar x Sesi, no qual Zezé arrebentou, marcando até um golaço. Quando a partida acabou... cadê o tio Nívio ? Ele não apareceu.
De outra feita, assim que terminou de servir o exército, ele mais o Carlinhos (irmão do Meio Kilo), duas grandes promessas, foram convidados para fazer um teste no Botafogo e no Flamengo, do Rio de Janeiro. Assim que embarcaram, numa noite de sábado, Zezé estava indisposto com forte dores na região escrotal.
Pelo fato, sentiu-se acanhado e em vez de ir para a Gávea hospedou-se num hotel próximo.
No dia seguinte, foi com urgência até o posto de saúde, onde se diagnosticou uma inflamação em um dos testículo, por ter recebido uma bolada às vésperas do embarque.
Por recomendação médica foi obrigado a ficar o resto da semana em repouso, sem, portanto, poder comparecer aos testes na Gávea e em General Severiano. Voltando para Santos, sua mãe toda entusiasmada lhe fez logo a pergunta: “E aí meu filho, como se deu nos testes”.
“Mãe! A senhora sabe o quanto amo papai, portanto, resolvi ajudá-lo e aprender sua profissão". E assim foi o fim de um sonho.
Zezé iniciou sua carreira de jogador com 13 anos no tradicional clube de nossa várzea, o Ipiranga Depois, jogou no Palmeirinha da Vila Hayden, Tricolor, Morávia, Lanus e encerrou junto comigo nos veteranos da S.E. Barreiros.
No futebol de praia foi campeão pelo Santos Praia Clube e Clube da Ponta, no torneio Anos Dourados, sendo considerado o jogador mais regular do certame.
No futebol de salão conquistou vários títulos jogando pelo Clube Internacional de Regatas, o vermelhinho da Ponta da Praia. Foi campeão de futsal dos Jogos Comerciários, em 1973, disputando pelas Lojas Pustiglione, sendo o artífice da vitória, marcando na decisão por pênaltis as três cobranças que lhe foram conferidas.
No exército participou das seleções de vôlei, basquete, futebol e, como excelente atleta que era, acabou por ser recordista em salto em distância.
Teve duas grandes alegrias no esporte. Uma foi jogar pelo Santos Praia Clube formando ao lado de verdadeiros craques do futebol profissional como: Olavo, Formiga, Waldir Teixeira, Nenê Belarmino, Feijó e Brandãozinho. E a outra por ter formado num time de futebol de salão considerado como uma das melhores equipes do país, o Clube Internacional de Regatas, quando numa excursão feita ao Rio Grande do Sul, então celeiro do futsal nacional.
Jogavam pelo CIR: Décio Camões Leal, Adelson Nascimento, Paulo da Rocha Soares, Ede Castro, José Luiz Krahenbuhl, Ernesto Carneiro, Roberto Chadad, Carlos Alberto Mano Prieto(Gigi), Marcos Vinícius e Antonio Bragança Mendes, sob o comando de Renato Novaes e Wallace Paiva Martins.
Zezé, como todos sabem, sempre foi vaidoso e zeloso com o seu físico, tanto que pratica até hoje halterofilismo na Academia do Elias, nosso amigo em comum. Nesta modalidade foi também recordista na categoria de médio no movimento básico (rosca) com 72,5Kg.
Como vêem, é um atleta respeitável e um autêntico craque do esporte amador santista. |