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  José Macia Pepe
   
 

Para mim, além de prazeroso, é uma grande honra falar sobre o meu amigo Pepe, 73 anos, já que é meu ídolo desde pequeno.

Lembro-me muito bem quando o defendia até debaixo d’água, de seus críticos que diziam que ele era pipoqueiro. E eu sempre retrucava: “Mas, como? Se ele faz trocentos gols e ainda serve a todos...”.

 

Tivemos que engolir a seco a rivalidade com Zagalo, devido àquela altura (reputo como um ato de covardia) ter surgido a figura do treinador retranqueiro. Portanto, a preocupação de não perder a partida, em hipótese alguma, já fustigava os treinadores. Foi a partir daí que morreu o esquema tático 4-2-4 e, conseqüentemente, com a figura do melhor ponta que o Brasil já teve.
Mas, vou me reportar sobre sua vida quando amador pelos campos vicentinos, já que o meu amigo Milton Neves já reproduziu sua vida como profissional.

Seu pai, José Pepe, mais conhecido por Espanhol, era dono da mercearia Central, lá em São Vicente. Ele era contra sua carreira de jogador de futebol, já que naquela época a profissão era considerada como reduto de malandros. Mesmo assim, Pepe não desistiu e conseguiu provar que tinha habilidade (e muita) com a bola.

Iniciou jogando no infantil do Mota Lima F.C., na cidade de São Vicente. Depois se transferiu para o juvenil do Comercial F.C., e posteriormente para o Clube Recreativo Continental, onde encerrou sua fase amadora.

Ele e seu irmão Mario, fundaram o infantil Alvinegro, em 1942, em São Vicente. Sua mãe costurou os distintivos nas humildes camisas brancas com as iniciais I.A.N, em forma de triângulo. Em 1947, o Alvinegro não existia mais e os dois times rivais da Vila Melo, onde moravam, eram o Comercial F.C. da rua General Marcondes Salgado e o Mota Lima, uma rua vizinha. Pepe defendia o Mota Lima e o seu irmão era zagueiro no Comercial.

Pepe me contou um fato curioso: que o time do Continental surgiu da fusão do Comercial e do Vila Melo, que viviam se engalfinhando pelo campos. Como a situação financeira dos clubes era muito crítica, aproveitaram o uniforme vermelho e branco do Comercial, que tinha apenas a letra “C” gravada, e fundaram o Clube Recreativo Continental no dia 11 de fevereiro de 1953. A sede do clube era no fundo da mercearia do seu pai. 

Mas, independente disso, O C.R. Continental fez uma história bonita no futebol vicentino, sendo campeão por diversas vezes, além de contar com feitos brilhantes em algumas disputas. Atualmente, o clube só disputa o campeonato de malha.

Certa vez, conta Pepe, jogava uma partida no amador do Santos F.C., na Vila Belmiro, e assim que terminou o jogo pegou o bonde 17 até o terminal no centro da cidade, e baldeou num ônibus para São Vicente para jogar pelo Continental. Como era diferenciado por seu potencial, Pepe jogava com a camisa 9 e quase sempre resolvia as partidas. Para ter uma idéia, certa vez, jogavam contra o Santa Maria e perdiam pelo placar de 3x0, quando ele chegou e entrou para marcar três gols e empatar a partida. Em outra oportunidade, jogando amistosamente contra o Alemoa, que havia sido o campeão varzeano daquele ano, venceram por 6x1 fazendo nada menos do que quatro gols. Mas, o maior feito, segundo Pepe, foi no campo do Bonsucesso quando derrotaram a seleção de São Vicente pelo placar de 6x2.

O Continental, ainda com sua sede na Avenida Motta Lima, mantém viva sua chama pela vontade de seu eterno presidente, Reinaldo Machado.

Para encerrar, quero dividir com vocês a minha alegria por contar com a participação do meu amigo Pepe como colunista do site, contando seus vários “causos” do futebol.

  Clube Recreativo Continental
 
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