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Estamos querendo imitar o futebol europeu quando ainda não temos as mínimas condições, pela falta de organização. É muito prematuro tentar se igualar quando, sequer, temos uma infra-estrutura adequada com estádios condizentes, público educado, rendas programadas, enfim, uma gama de atos necessários à realização de bons espetáculos.
Portanto, achei exagerada a declaração do presidente do Santos F.C., Luiz Álvaro, embora tenha reconhecido a sua real pretensão quando equiparou o jogo do Santos contra o Corinthians como um espetáculo do Cirque du Soleil. Nem tanto, nem tanto, presidente!
Querer elitizar a freqüência nos estádios é um desrespeito ao nosso público que é composto, na sua maioria, pela tão encantada “massa”, isto porque nosso poder aquisitivo não suporta custo tão elevado, partindo da premissa ser quatro jogos mês.
Outro aspecto importante, obviamente pela desorganização, é a falta de segurança, mesmo porque, até hoje não conseguimos eliminar as chamadas torcidas organizadas, mola propulsora dos atos de barbárie, fruto da deficiência de nossas autoridades que apenas obedecem a uma regra geral neste país – a impunidade.
O momento, de fato, não é bom sobre este comparativo, isto porque se cria uma falsa ilusão de que a cada jogo deve ser uma apresentação, quando na verdade é uma disputa, podendo até contaminar a cabeça dos próprios jogadores.
Quero deixar bem claro que do ponto de vista dos dirigentes, pouco eles têm a fazer, cuja ação mais eficaz e efetiva cabe ao Poder Público. Quando da repreensão aos distúrbios compete a Polícia Militar não simplesmente provocar a dispersão, mas sim autuar os responsáveis. Tudo isso dá a sensação de impunidade.
É, portanto, atribuição do Ministério Público, que criou há tempos promotorias especializadas todavia não apresentando até então nenhum resultado prático. Em resumo, em minha opinião, toda e qualquer evolução somente se dará a longo prazo com a mudança de comportamento do ser humano, agregando ética, valores morais etc. Enfim, acabamos mostrando carência e batendo na mesma tecla que norteia toda e qualquer campanha de bom senso – FALTA DE EDUCAÇÃO.
Ainda em tempo, aproveito para fazer um pequeno comentário sobre a partida que aconteceu neste último domingo. Como o time do Corinthians é sempre o protagonista do inusitado, desta vez não deixou por menos. Iniciou a partida com uma retranca ferrenha atendendo solicitação de seu treinador que se destaca cada vez mais neste tipo de jogo. Se tivesse ele a coragem de partir para cima do Santos, com certeza teríamos visto uma partida cheia de gols e emoções. Aí sim, talvez valesse como espetáculo.
Um fato interessante é que o time do Corinthians entrou em campo para tentar desestabilizar o árbitro, fazendo pressão a cada falta marcada. Enfim, se preocuparam mais em marcar o árbitro do que a molecada do Santos. Portanto, ficou bastante evidente a covardia de seu treinador.
E o mais engraçado ainda, foi que o Corinthians jogou melhor com nove jogadores do que com os onze em campo. Isto me fez lembrar de um velho mito dos tempos da várzea, em que o treinador, no desespero, preferia jogar com dez a manter em campo o jogador perna de pau.
Abraços do Gigi
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