Bordão desse gênio do humor inteligente – Chico Anysio. Dentre todos os personagens  criados por ele, acredito ser este o que melhor se enquadra em mais esta atitude indigna do ser humano. Desta feita, na condição de legítimos representantes do povo, os deputados, legislando em causa própria no limiar da jornada se deram de presente de Natal um aumento de salário extremamente abusivo.

E para desagrado geral, situação esta que não fica definida só entre as classes as quais designamos como “povão”. Aliás, talvez no meio desses haja muito mais resquício de decência. Mas, refiro-me às classes privilegiadas com o dom do discernimento e inteligência.

Esta é a que incomoda não só a mim como também a todos que primam, ainda que pouco, pelo decoro. Isto por que o povão vota e acredita nos seus preferidos, mesmo que muitos se vendam pela troca de favores.

Agora, como ficam os entendidos que pensam, repensam, analisam, julgam e, principalmente, aqueles que são devotos das proposituras partidárias, enfim seguidores de ideais quase nunca atingíveis. Sinceramente gostaria de saber qual seria o seu comportamento diante de tal medida.

Só o fato de me alongar neste tema já me irrita, imagine então ter que aceitá-lo. Portanto, termino este desabafo reproduzindo um trecho da crônica de José Roberto de Toledo, publicada no jornal Estadão, onde ele cria um índice, ou melhor, uma unidade de referência na CBO – Classificação Brasileira de Ocupações – órgão que define oficialmente os mais altos cargos da República, e que a chamou de “nababo” e, concluindo de forma irônica, fez um comparativo com o novo salário dos deputados na sua equivalência, alegando que seriam o correspondente aos salários de 29 porteiros, 32 padeiros, 33carregadores...  

E por último a estimativa com o de 47 profissionais do sexo, ou deixemos uma pouco de lado a compostura, e digamos “prostitutas”. Só que, termina ele: “pensando bem, acho melhor esquecer esta última comparação, pois um dos lados poderá se ofender”.

Abraços do Gigi