O começo:
"Corria o ano de 1947. Alguns garotos, todos do “gueto” comunitário da Av. Rei Alberto 239/241, de 10 a 16 anos, jogavam suas peladas, principalmente nos jogos dos de "baixo" contra "os de cima", utilizavam um campo cheio de lama, onde hoje se ergue o Senai. Surgiu a idéia de se formar um time de futebol infantil, com camisa e tudo mais. Os “donos do time” eram Yutaka Okumura, Antonio Koide, Katutoshi Ono, Tokuji Ono, Tsuneo Okida e Carlos Alberto do Nascimento. Foram convidados craques como o Vadico e o Lico. Começavam a ciscar na pelada o Mitsugu Ono, Tsuguio Okida, Assao Okida, Haruo Yamazawa, Mauro Nascimento. Não me lembro se o Kioshi Hamamoto tinha se iniciado no futebol. Começamos os preparativos da compra da camisa. A mensalidade era de Cr$ 5,00 por mês (cruzeiro que passou para cruzeiro novo, voltou para cruzeiro, cruzado e hoje é Real, perdendo uma infinidade de zeros). Como pegadores de bola de tênis do Saldanha, fizemos uma quadra nos fundos da casa do Kioshi Hamamoto e, posteriormente, aumentamos para o nosso campo de futebol."
A história do nome:
"Em 1948, trocávamos idéias para o nome de batismo do nosso time. Alguém sugeriu "Estrela do Mar", influenciado pelas atividades de nossos pais na pesca. Falou-se também em "Estrela do Oriente", rememorando a origem paterna. Aí o Carlos Alberto falou "ESTRELA DE OURO". Deslumbrados, talvez, pelo fascínio que exerce o ouro nas crianças, como símbolo de riqueza, fixamo-nos nesse nome. A cor da camisa escolhida foi toda azul, lembrando o mar, com o símbolo atual, a Estrela de Ouro, no meio. Se não falha a memória, a gola era branca. Como tínhamos ido estudar em São Paulo, fomos encarregados de comprar o primeiro jogo de camisas. Ufa! Que sacrifício para juntar o primeiro dinheirinho. Não me lembro se foi pedida alguma contribuição. Naquela época, e naquela idade, não havia nem condições de pedir. Enfim, a estréia. Não me lembro do time adversário, nem do resultado. Mas algo ficou marcado em todos nós: na primeira lavada feita em cada uma das casas, começou a lamentação!!! As camisas tinham se desbotado. Fizemos uma série de jogos. Jogávamos no canal 6, no "Ferry Boat", no Macuco e em nosso campo. O tempo foi passando, a camisa desbotando e o time, entre altos e baixos, foi jogando..." Pela história do Jorge Nakai, a seguir, o time estava parado ou aguardando novas forças: "Meados de 1951. Onde hoje é o começo da Rua Republica do Equador, mais ou menos com a Av. dos Bancários, era um verdadeiro matagal e havia pequeno espaço dentro daquela "selva" onde a molecada se encontrava para bater um papo ou fumar escondido dos pais. Aos poucos a turma começou a roçar o mato afim de ampliar aquele espaço e fazer umas peladas no fim do dia. Em seguida, nasceu a idéia de formar um time de futebol. Já tínhamos o campo. As camisas, pedimos emprestada de um pessoal da colônia que morava perto do campo e eles não estavam usando na ocasião. Fomos atendidos..."
Verifica-se, portanto, a interligação das duas histórias. O campo é o mesmo, que foi ampliado; as camisas foram “emprestadas”; acreditamos, pois, que o pessoal da colônia que morava perto do campo também foi incluído no time. O nome do time permaneceu, pois estava inscrito na camisa. Houve, portanto, um reforço do pessoal mais novo. Continua o Jorge: "Formamos a Diretoria, sendo escolhido para presidente Akira Onishi; tesoureiro e secretário, Jorge Nakai; Diretor de Esporte e carregador de camisas, Yassutaro Taniguchi. Mais tarde, a Diretoria foi reforçada com Eiji Tuzuki, Hiroshi Onishi, Tokuji Ono e outros, como diretores auxiliares."
Reiniciou-se a cobrança de recibos. Através de colaborações espontâneas, foi encomendada a nova camisa, toda branca com uma faixa azul vertical e calções azuis. Chuteiras na época ninguém tinha. Pela sua colaboração sempre espontânea, a Tié-Sam (Tieko Takahashi, atual Sassaki) foi escolhida madrinha do time. Iniciaram-se, nesse período, os bailinhos com as moças que começavam a se incorporar ao clube. Os bailes eram realizados em barracões, depósitos, mas sempre com muito respeito e boa freqüência. Nesse período, respondia pela presidência o Tsuneo Okida e após um período de relativo sucesso, o time caia em compasso de espera.
Passado um certo tempo, sob a liderança de Jorge Nakai, o Clube é reativado e passa a realizar as suas atividades sociais no barracão do Onishi, com mesa de ping pong, bailinhos e como não podia de acontecer, o time de futebol voltou a brilhar.
Futebol
Esporte que deu origem ao Clube. Atualmente possui equipe de Master e Veteranos, que participam de Torneios Amadores na Cidade. Mantem em sua sede social, um campo de Futebol Society, onde são realizados jogos de recreação, amistosos e torneios Internos.
Fonte: Clube Estrela de Ouro |
Equipe de tiro ao alvo do Estrela de Ouro - foto publicada no Jornal "A Tribuna" - 19/02/2009
Tabu nasceu para ser quebrado. Essa teoria demorou um pouco a ser aplicada na prática do tiro ao alvo esportivo. Depois de mais de 50 anos, o Estrela de Ouro Futebol Clube acabou com uma hegemonia do Santos Atlético Clube (SAC) e de clubes da Capital que dominavam o Campeonato Estadual de São Paulo durante todo esse período.
Depois de serem campeões das chamadas armas curtas (revólver e pistola) e vice-campeões das armas longas (carabina e espingarda), veio o título paulista geral. O Estrela de Ouro disputou 30 etapas para chegar ao triunfo. Formada há quatro anos, tempo considerado curto pelos próprios atiradores do clube, a equipe sequer tem um stand de tiro (local onde os atiradores treinam) para praticar.
Com apoio do presidente do clube, Sadao Nakai, os integrantes da equipe são: Nicolino Ferreira Lauretta, Tercio Durante Júnior, Berton dos Reis Rezende, Fernando Lopes, Celso Okushi, Adilson Rodrigues Júnior, Jorge Mendanha e Renata Castro.
DESTAQUES
A conquista do título geral paulista é da equipe do Estrela de Ouro. Porém, dois integrantes chamam atenção pelo currículo de vitórias dentro do tiro ao alvo esportivo.
O primeiro deles é Fernando Lopes, 70 anos, que pratica a modalidade desde 1984. Considerado o "mestre do tiro" pelos colegas de equipe, o experiente atirador coleciona inúmeros recordes.
Entre muitos outros, alguns dos feitos são: atual recordista brasileiro de pistola livre, nas categorias sênior e veterano. Ainda na pistola livre, tem o recorde paulista e brasileiro na categoria sênior (que dura 21 anos) e a marca paulista na master. Na pistola de ar, é o recordista paulista nas categorias sênior e master. Ainda na mesma modalidade, detém o recorde brasileiro, na veterano.
Sobre a conquista do Campeonato Paulista geral pelo Estrela de Ouro, Fernando valorizou demais a façanha. "É um dos principais títulos por equipe de toda a carreira".
Outro importante integrante, Berton dos Reis Rezende tem um currículo extenso de vitórias. Atirador esportivo há 15 anos, ele é atleta da seleção brasileira desde 1998. Atualmente, não disputa torneios pelo Brasil, pois o custo é alto. "O tiro esportivo é um esporte amador. Por isso, só os apaixonados praticam".
Fonte: Jornal A Tribuna de Santos |