Lembro-me bem da década de 60, os afamados anos dourados, em que nascia a Bossa Nova, e você carioca convivia o dia-dia nas areias de Copacabana com o grupo que a originou, Menescal, Boscoli, Carlos Lira, João Gilberto, Nara Leão. Cruzava nos bares de Ipanema com Vinícius e Tom Jobim, espiava o galã Sil Farney em sua boutique na Viera Souto.
Assistia Cauby Peixoto na boite de seu irmão Fred; jantava se esbaldando em alegria com Chico Anísio ganhando um troco no Bom Gourmet, da Barata Ribeiro. Dava um pulo no Beco das Garrafas e ali admirava muitos iniciantes da nossa musica, como Jorge Ben, Claudete Soares entre outros. Vivia a “Solidão” e a “Noite do meu bem” na voz de uma Dolores Duran, uma Elza Soares, enfim, um Rio de Garrincha, de Nilton Santos.
Na verdade, de tantas mulheres bonitas, a Garota de Ipanema foi apenas um símbolo para todas as demais. Andava-se por todo lado sem risco algum. Ir aos ensaios de escolas de samba era uma rotina comum, tanto que não houve um personagem vip sequer que não tenha sambado na Mangueira. Quais poetas e compositores que não alcançaram a glória declamando todo o seu amor à cidade maravilhosa. É triste, mas é a realidade.
Sim! O Rio continua lindo, mas infelizmente só na sua plástica. Pela falta de novos talentos esvai-se a memória e, o único remanescente desta época mágica e assíduo freqüentador da orla da praia, é a estátua de Carlos Drumonnd de Andrade, lamentavelmente, acompanhado de uma “vaca mimosa”. E para terminar porque não reprisar um velho e conhecido clichê de um dos mais carismáticos cronistas cariocas, Ibrahim Sued...... ”Ademan, que eu vou em frente”.
Abraços do Gigi
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