Nunca vi ninguém gostar tanto de discos como o Durval.
Em toda excursão ele vinha com a mala lotada de novos sucessos.
Estavamos em Frankfurt, na Alemanha, com o Santos FC. Era dia de folga, haviámos ganhado bem na véspera, e à tarde logo após o almoço eu sai com o Durval a passeio.
Acabamos é claro, entrando em uma pequena loja de discos.
Ouve daqui, ouve dali, fui eu que acabei comprando três discos de Ray Connif e Orquestra, o grande sucesso dos anos 60.
Disse a balconista que não precisava que os embrulhasse, e pouco depois saimos da loja apenas com aquela compra.
Eu carregando os três discos debaixo do braço e o Durval não comprou nada.
Logo depois, estávamos em outra casa de discos, esta sim, grande, especializada e os olhos do Durval brilhavam de alegria.
O Durval gostava demais do Nat King Cole. Eu me limitei a escolher mais um disco, desta vez do Pat Boone e quando me dirigi ao caixa a fim de pagá-lo, a moça me viu com os três discos desembrulhados debaixo do braço e exigiu o pagamento dos mesmos. Tudo em alemão, é claro !
Tentei explicar que aqueles três discos eram de outra loja, e cada palavra que eu falava ia deixando a funcionária ainda mais nervosa. Ela positivamente não estava entendendo, pois meu fraco inglês misturado com o meu horrível alemão dava uma salada incrível de palavras.
A mulher não queria saber de mais conversa, dizendo que naquela loja nao havia souvenires e já estávamos os dois algo descontrolados no nosso tom de voz.
A mulher então pegou o telefone ameaçando chamar a polícia e eu, para evitar complicações maiores, resolvi encerrar o assunto pagando novamente os três discos que eu havia comprado na outra loja, não sem antes desabafar em português todos os impropérios possíves e imagináveis à madame.
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