Em 2008, o Santos não pagou nenhum centavo para tirar André, então com 17 anos, da Cabofriense. Na ocasião, o clube de Cabo Frio concordou em ceder 60% dos direitos econômicos do atleta. A aposta era de que no futuro pudesse lucrar com os 40% restantes. E é exatamente isso que o time que revelou o camisa 9 pretende nesse momento.

Há dois anos, o garoto, que despontava como uma das promessas do futebol fluminense, chegou à Vila Belmiro para a disputa do Campeonato Paulista Sub-20. Agora, o clube aguarda uma reunião com o presidente santista, Luís Álvaro Ribeiro, para negociar sua porcentagem.

"Eu mesmo liguei para o Santos em 2008, porque tínhamos uma parceria com eles. Primeiro, ofereci o volante Jéfferson, que está no clube até hoje. Algumas semanas depois, apontei um garoto que era acima da média, por fazer muitos gols, mesmo em seu primeiro ano nos juniores. Era o André", relembrou José Luís Martinelli, vice-presidente da Cabofriense. Ele negou qualquer contato de investidores interessados na compra dos 40% do atacante santista. "Não recebemos nada do Santos para ceder os 60%. Apostamos em um lucro no futuro, caso o André estourasse. Agora, quero me encontrar com o presidente do Santos para negociarmos os 40% restantes. Claro que não pediremos nada de outro mundo. Mas também não podemos sair de mãos abanando", comentou Martinelli, que acompanha a carreira do garoto desde o time infantil da Cabofriense.

No Santos, logo de cara, André mostrou sua condição de homem-gol. No Paulista sub-20, marcou 11 gols em 15 partidas. Na Copa São Paulo de 2009, foi destaque do Peixe, ao converter cinco gols em cincojogos. A chance no profissional veio no ano passado, com apenas dois gols em 11 jogos, sempre como reserva de Kléber Pereira. A explosão, porém, chegou este ano, com 15 gols em 18 partidas, número que lhe dá a condição de artilheiro do Brasil no momento. "Daremos preferência nas negociações ao Santos, que sempre foi nosso parceiro. Vamos procurar uma coisa boa para as duas partes", comentou Martinelli.

IMPASSE
Apesar do contrato de mais quatro anos com o Santos ­ válido até dezembro de 2014 ­, André vive um impasse para a renovação de seu vínculo. No momento, a diretoria santista tenta formalizar um novo contrato com o jogador, com aumento de salário e, por consequência, da multa rescisória. André recebe R$ 10 mil do Peixe. Sua multa rescisória para clubes do País é de R$ 13 milhões e US$ 50 milhões para o Exterior. Porém, com apenas 35% dos direitos econômicos do jogador, o Peixe não pretende acertar a renovação sem antes adquirir maior porcentagem do jogador.

Embora os direitos federativos sejam 100% dos santistas, o Grupo Sondas adquiriu 25% dos 60% do Peixe no início do ano passado. Em troca dos empréstimos feitos ao clube entre 2008 e 2009 (Mariano Trípodi, Mauricio Molina e Luis Chucho Bolaños), o parceiro santista comprou 25% dos direitos de André, 50% de Alan Patrick, 40% de Anderson Planta e 30% de Breitner. No período, o investidor cedeu R$ 3,2 milhões, valor registrado no balanço patrimonial do Santos. "Temos interesse em renovar o contrato do André, mas não faz sentido tentarmos essa renovação se nossa porcentagem é tão reduzida.

Conversamos com o Sondas, mas estamos sendo pressionados por eles para que aconteça um acerto na marra. Vamos esperar um momento de equilíbrio de forças para que aconteça o acerto", afirmou Pedro Luiz Conceição, diretor de Futebol do Peixe. Mas ele não revela quando as conversas com a Cabofriense acontecerão ­ o Sondas não admite negociar sua parte. Hoje, o atacante fica no aguardo de um acordo com o Peixe. "Fico um pouco triste por não haver esse reconhecimento logo. Mas a renovação vai acontecer", apostou André, ao dizer que a primeira proposta feita pelo Santos não agradou.

Fonte: Jornal A Tribuna