Espinhas no rosto, porte avantajado e discurso responsável. Ele cresceu! Aos 15 anos, com 1,70 m e 68 kg, Jean Carlos Chera já não é mais um menino. Com a responsabilidade de um profissional, a estreia se aproxima. E agora, será que a nova joia vinga?
Chera chegou ao Santos em 2005, famoso por vídeos enquanto atuava pelo Adap (PR). Desde então, a voz do garoto de nove anos foi trocada pela de um adolescente precoce, mas promissor.
Hoje, ele treina de manhã com o juvenil (sub-17), categoria acima, e à tarde com os demais meninos de sua idade, no infantil (sub-15). À noite, das 19h às 23h, estuda, mas não reclama. Sabe que sua hora está próxima de chegar.
– Não tenho problema, conheço todos os atletas mais velhos e, no ano que vem, estarei com eles. Treino em categorias acima, basicamente, desde que cheguei – disse.
Assim como Neymar, a pressão para o meio de campo dar certo e se profissionalizar é grande. A Joia subiu em 2009, ainda com 16 anos e estreou com 17. Chera já se sente mais maduro, espera estar entre os profissionais em 2011.
– Já me sinto mais homem, hoje a responsabilidade é bem maior. Cheguei com nove anos, como mais um menino da base. Hoje, o Santos aposta em mim, falam que sou o substituto do Ganso – explicou.
O discurso modesto, de “mais um”, contradiz o tratamento que sempre recebeu. No clube, ganha aproximadamente R$ 18 mil e ainda tem contrato pessoal com a Umbro – fornecedora de material esportivo – da qual recebe quase R$ 5 mil mensais, mais materiais e bonificações. Mas a cobrança é grande...
– Essa pressão sempre existiu, mas estou aqui há cinco anos e não é por acaso. Já pensei que pode não dar certo, ninguém sabe o dia de amanhã, mas com a ajuda da família e do clube vai dar – garantiu.
A torcida está ansiosa pelo astro da quinta geração de Meninos da Vila.
Bate-Bola com Jean Carlos Chera - Em entrevista ao LANCENET!
‘Preciso dar o exemplo, sou espelho para uns’
LANCENET: Você concilia muitas atividades, é ruim? Já pensou em ter que parar de estudar?
Jean Carlos Chera: Isso precisaria ser conversado, mas não quero. Até porque depois de jogar futebol, acho que vou querer virar treinador.
L!: E a sua relação com o Neymar? Será que dá tempo de jogarem juntos no profissional?
Jean Carlos Chera: Tenho uma amizade muito boa, espero que ele possa ficar mais uns dois anos para brilharmos juntos. Não sei se vai dar tempo, assim como o Ganso.
L!: Você já foi assediado, tem vontade de ir para a Europa?
Jean Carlos Chera: Vejo muitos garotos que estão com 15 e 16 falando nisso, mas não penso. Sei que é difícil, mas só quero pensar em sair do Santos lá na frente.
L!: Sei que é muito novo, mas o Dorival já chegou a te ver, conversar com você?
Jean Carlos Chera: Não, só Luxemburgo, em um jogo aqui no CT. Na ocasião, dei uma carretilha para trás e ele falou para tomar cuidado. Ouvi, nunca mais fiz isso.
L!: Não é estranho ser ídolo de um jovem da sua idade?
Jean Carlos Chera: Não, mas sei que tem alguns que me admiram. Meninos mais novos, para muitos sou espelho e preciso dar o exemplo.
Com a palavra - Celso Ponzio - Preparador físico do sub-15
O Jean já teve uma ótima evolução física
Aqui, procuramos trabalhar até os 13 anos a parte motora, de coordenação. O Jean chegou em 2005 e teve uma evolução ótima. Aumentamos a parte física, a carga de trabalho, com foco para resistência, musculação e força no campo. Encaminhando para que chegue ao profissional.
Fazemos um trabalho específico para cada biótipo, o dele é o de força, que aguenta trancos. Não conseguimos pegar um atleta leve e deixá-lo forte como o Jean, potencializamos também a forma que já tem na genética.
Acho importante, pois também é preciso fazer trabalhos de força e alguns exercícios para a prevenção de lesões, fortalecendo a musculatura e o joelho. O problema, muitas vezes, é fazer academia fora. Não aconselhamos, mesmo que achem alguém conceituado. Por não saber o que é realizado aqui, esse trabalho extra pode prejudicar.
Para o segundo semestre, vamos intensificar a dosagem desse treinamento pois o Jean e outros subirão de categoria. Daremos um estímulo maior para que possam aguentar o próximo ano e quando chegarem ao profissional, já que falta pouco.
O treino que ele faz no sub-17 já o familiariza, além de lhe dar mais resistência e velocidade.
Fonte: Lancenet |