A diretoria do Santos e o empresário do meia Paulo Henrique Ganso não entraram em um acordo para acertar um projeto semelhante ao feito com Neymar no clube, na exploração dos direitos de imagem do atleta. A parte financeira foi o principal motivo para a divergência, e a diferença no perfil dos dois jogadores foi o empecilho para a proposta não ser aceita. Os representantes de Ganso acreditam que o jogador pode ganhar mais se continuar explorando a sua imagem sozinho, sem dividir os lucros com o Peixe.
- Não era interessante para o Ganso o projeto oferecido pelo Santos. Temos o direito de não aceitar uma proposta. Isso é normal. O Ganso já teve media training, aula de línguas e não nos interessamos por esse projeto - afirmou Thiago Ferro, diretor do grupo DIS, que coordena a carreira do jogador.
Ocorre um ruído jurídico travando o processo. O DIS entende que existem dois direitos de imagem: um coletivo, aquele que o o clube detém 100% e pode explorar a imagem do jogador (vendendo camisas, usando fotos em campanhas...), e outro individual, que é 100% do atleta e que ele fatura integralmente em campanhas publicitárias sem a marca Santos (como os que Ganso tem com empresas como Gillette, Nike, Seara...). Nos contratos que Ganso tem com essas marcas, por exemplo, o nome "Santos" nem é citado. Só que do lado santista, a diretoria entende que é uma coisa só. Traduzindo: o que Ganso recebe numa propaganda deveria ir para os cofres da Vila Belmiro, o que não ocorre.
Uma das ideias seria o Santos adquirir 30% dos direitos individuais do meia, mas o clube nega pois entende que já tem esse direito. No projeto, o meia receberia do Peixe cerca de R$ 275 mil, entre salário e direitos de imagem, mais do que o dobro do seu salário atual de R$ 130 mil. Mas os representantes do jogador acham que ele pode lucrar mais do que isso. A postura fora de campo e a maturidade do atleta de 21 anos dão a Ganso um perfil comercial vantajoso.
A diretoria santista, porém, entende que o projeto seria bom também para o atleta e ficou surpresa com a negativa. Apesar disso reconhece que a diferença de perfil entre Neymar e Ganso existe, por isso a proposta foi adequada para cada jogador.
- O jogador seria o grande beneficiado com tudo. No meu entendimento, essa decisão das pessoas que trabalham como ele só o prejudica. Estamos pensando no futuro dele, e o projeto seria lucrativo para ele. O projeto foi o mesmo apresentado ao Neymar, apenas com pequenas diferenças porque o perfil do Ganso á diferente - explicou Pedro Luiz Nunes Conceição, diretor de futebol do Peixe.
A exploração da imagem de Ganso gera um desacordo entre as duas partes. A diretoria do clube alvinegro diz que possui os direitos e deveria lucrar com qualquer ação publicitária envolvendo o jogador. No entanto, Thiago Ferro não concorda. Para ele, o Santos tem direito apenas sobre a exploração de imagem coletiva, em casos que Ganso aparece junto com outros jogadores do time, por exemplo. Os direitos individuais são 100% do atleta, segundo explica Ferro.
Nesta sexta-feira, o Santos e a assessoria de Ganso divulgaram comunicados oficiais dando suas versões sobre esse impasse. O Peixe diz que, 'segundo documento, 100% dos direitos de imagem do atleta pertencem ao clube'. Já o lado do jogador admite que o Santos 'tem direito ao uso coletivo para qualquer promoção comercial ligada às atividades do clube'. Mas rebate e deixa claro que 'o atleta possui a propriedade de 100% dos direitos de sua imagem no que se refere a campanhas promocionais realizadas exclusivamente por ele e que não tenham relação com a imagem do Santos.'
Apesar das diferenças de pensamento, ambas as partes garantem que nada afeta a relação e o compromisso do jogador como clube. O contrato de Ganso com o Santos vai até fevereiro de 2015, e a multa rescisória está fixada no valor de 50 milhões de euros (R$ 118 milhões).
- O contrato dele com o clube segue inalterado, isso é importante deixar claro. Nada mudou - disse Thiago Ferro.
Fonte: Globo Esporte |