Os braços erguidos de Picuruta Salazar, quase voando sobre a água como um super-herói, repetiram uma cena habitual ao longo da carreira: a conquista de títulos. De uma só vez, o campeoníssimo santista faturou a etapa de abertura do Circuito Brasileiro de Longboard Profissional 2009 e o título paulista de 2008, ontem pela manhã, no Quebra-Mar, no Emissário Submarino, em um dos eventos do 5o Santos Surf Festival. "Costumo dizer que as vitórias me alimentam e, quando isso não acontece, eu morro de fome. Por isso, estou sempre ganhando", afirmou.

Na decisão entre São Paulo e Rio de Janeiro, Eduardo Bagé sentiu o apetite de Picuruta. Os dois entraram na segunda fase do Brasileiro e foram passando por seus adversários como autênticos rolos compressores, com notas invariavelmente altas. Antes da final, ficaram pelo caminho do santista: Nielser Mingardi (2a fase), Geraldo Lemos (oitavas), Rodnei Costa (quartas) e Rodrigo Sphaier (semifinal). Na trajetória do carioca estiveram Beto Garcia (2a fase), Rodrigo de Souza (oitavas), Alexsandro Abolição (quartas) e Jeferson da Silva (semifinal).

O confronto entre Picuruta e Bagé foi algo que se cristalizou ao longo da competição, deixando ainda mais empolgado o grande público presente na Praia do José Menino. Depois de uma bateria de 30 minutos e 12 ondas, no máximo, para cada um dos surfistas, veio a festa do santista, com direito a um abraço fraterno do carioca e mãos dadas para saudar a disputa, marcada por pequena diferença: 15,25 x 12,55.

CARREGADO

Mal saiu da água e Picuruta acabou carregado até o local da premiação, onde recebeu, além do troféu, um cheque de R$ 6 mil pela etapa do Brasileiro. Entre os que fizeram força, o próprio Eduardo Bagé. "Por incrível que pareça, eu nunca havia sido campeão paulista (caso perdesse a final, Jaime Viúdes seria o vencedor), apesar de tantos títulos. É muito especial", contou.

O santista ainda levou a taça pelo título na categoria stand up (onde as manobras são feitas com o auxílio de remo), obtido na última terça-feira. "Com essa bengala, vou até os 100 anos", lembrou. A criançada fez coro para que Picuruta chorasse. Não o fez. Afinal, super-heróis não choram.

Fonte: Jornal A Tribuna