Principal jogador do futebol brasileiro atualmente, Ronaldo terá apenas mais uma temporada dentro dos campos. O atacante do Corinthians, no entanto, pretende continuar envolvido com o esporte que o consagrou em todo o mundo, apesar de afirmar estar de “saco cheio” do futebol. Na última quarta-feira, o atleta fez a sua estreia oficial como palestrante, durante o Footecon, e além de mostrar posições contundentes, ainda se mostrou disposto a liderar os seus colegas quando se aposentar.
Sua presença no Footecon começou em um painel com Carlos Alberto Parreira, Carlos Alberto Torres e Júnior. Para um auditório lotado, incluindo o ex-técnico da seleção, Carlos Alberto Parreira, o atacante do Corinthians elogiou o futebol espanhol, especialmente o Barcelona e o meio-campista Xavi, mas mostrou sua veia crítica ao “cornetar” os gramados dos estádios brasileiros.
As críticas do palestrante Ronaldo, no entanto, estavam apenas no começo. Com o suporte do assessor de imprensa do Corinthians, Guilherme Prado, que ajudou o atleta a criar sua apresentação, o atacante citou dados recentes para fazer um alerta sobre a sua profissão.
“O futebol brasileiro tem muito a melhorar, mas a culpa de ser assim também é nossa, dos jogadores, pois não somos uma classe unida. O sindicato dos atletas não luta. Eu particularmente não conheço ninguém do sindicato de São Paulo. Ninguém nunca foi ao clube, nem perguntou minha opinião sobre qualquer coisa. Temos exemplos da Itália, Argentina e Espanha, onde jogadores pararam o campeonato para reivindicar os seus direitos”, disparou o atacante.
“Alguém pensa que ganhamos muito, mas isso é outro engano grave. Cerca de 95% dos jogadores ganha salário mínimo no futebol. Dois por cento ganha mais que R$ 5 mil e apenas 3% recebe mais que R$ 10 mil”, citou o atacante.
As críticas, no entanto, não ficaram apenas no discurso. Ciente da sua importância para o futebol brasileiro, Ronaldo afirmou, inclusive, que pode se tornar o representante dos atletas, tornando-se presidente do sindicato dos atletas.
“Toparia [ser presidente] para mandar, pois sabemos o quanto é difícil você chegar em cima e ter o poder de fazer grandes ações para melhorar. Todo mundo fala que tem muitas ações que beneficiam apenas A ou B, mas eu entraria de cabeça e compraria essa briga. A nossa classe é muito injustiçada”, discursou o atacante.
A veia “sindicalista” de Ronaldo teve um efeito prático recentemente. Segundo o próprio atacante, a criação de um fundo de pensão para ex-atletas, anunciada na última segunda-feira, durante o Prêmio Craque Brasileirão 2010, teve a sua participação.
“Conversando com o presidente Lula e o ministro da Previdência [Social, Carlos Eduardo Gabas], perguntei o porquê de os jogadores não terem aposentadoria. Eles me explicaram que o jogador tem carreira curta, mas conseguimos encontrar uma solução e esse passo foi importantíssimo”, concluiu Ronaldo.
Independentemente de Ronaldo se tornar oficialmente um porta-voz dos atletas brasileiros, o atacante continuará ligado ao futebol. Neste ano, o atleta tornou-se sócio-presidente da agência 9nine. Uma das principais metas da empresa será prestar assessoria a atletas, além de promover eventos esportivos e realizar outras atividades de marketing.
Fonte: Uol Esporte |