Manga, grande goleiro do botafogo da época áurea, veio do Norte e fez escola no clube carioca. Mulato alto, cerca de 1,90m e físico privilegiado. Dizem que ele era menos esclarecido que a média normal dos jogadores.
Certa vez para reformar o seu contrato ele pediu 55 mil cruzeiros mensais, o dirigente, entretanto, achou que ele valia bem mais, e ofereceu-lhe 70 mil. Na mesma hora Manguinha retrucou:
- Ou 55 ou nada feito!
De outra feita, ele estava precisando de dinheiro para uma reforma da casa, pois a fase não estava boa, com os "bichos" escassos. Indicaram-lhe um gerente de banco que era botafoguense roxo e após o tradicional cafézinho, Manga pediu um empréstimo de 10 milhões de cruzeiros por 3 meses. O gerente aceitou. Fez as contas, deu entrada na papelada e contabilizou tudo, tendo sobrado livre para o Manga 9 milhões e setecentos mil cruzeiros.
Manga não concordou em hipótese nenhuma. "De jeito nenhum. O senhor me falou em 10 e é o que preciso e quero receber". E berrou: "Deizão". O gerente em vão tentava argumentar: "Manga, compreenda que em toda operação bancária, você tem que arcar com as despesas de juros e do cadastro".
Manga não se conformava de nenhuma maneira. Afinal, acabou tendo que aceitar, e lá se foi com 9 milhões e setecentos mil cruzeiros.
Passaram-se os 90 dias e Manga foi chamado ao banco para saldar a dívida. Ele quase bateu no gerente quando soube que teria que pagar 10 milhões.
- Tá louco? Eu só levei 9 milhões e setecentos. Não pago! Porque vou pagar mais?
Discute daqui, discuti daqui. Manga acabou tendo que pagar realmente os 10 milhões de cruzeiros. Daí todos os dias que ia para o treinamento, Manga passava em frente ao banco, abria a porta e gritava para o gerente:
- Bom dia, ladrãozinhoooooooo! Boa tarde, gatunooooooo!
Fazia uma careta, batia a porta e ia embroa treinar em General Severiano.
|